Eis a conclusão de “La Loi des Terres Sauvages”, história ilustrada por E.T. Coelho e publicada nº 10 da nova série da revista francesa Pif Gadget, que por singular coincidência, como já referimos, saiu em 27/4/2005, cerca de um mês antes da morte do grande desenhador português, radicado em Florença.
Claramente inspirada por uma série com a mesma ambientação, “Ayak le Loup Blanc”, dada também à estampa no Pif Gadget, entre 1979 e 1984, esta nova criação de E.T. Coelho aborda temas caros ao célebre escritor norte-americano Jack London (que conheceu profundamente o Wild North), como os hábitos dos animais selvagens e a sua relação com os seres humanos, o equilíbrio eterno e sagrado que rege a Natureza, as secretas regras da luta pela sobrevivência.
Em Ayak, a sua última longa série realizada para o Pif Gadget, conta-se a história da estranha e invulgar relação entre um lobo solitário e uma rapariguinha recém-chegada com o seu pai ao inóspito território do Yukon, durante a grande corrida ao ouro, no final do século XIX. Dessa relação baseada na amizade e na confiança — que o selvagem instinto de Ayak sobrepunha ao temor e à hostilidade que sentia pelos homens armados com flechas ou com o “pau que troveja”, causadores de sofrimento e de morte — nasceu uma vigorosa odisseia narrada em 56 episódios (todos a cores) pelo traço exuberante e harmonioso de E.T. Coelho e pela prosa sóbria e lapidar, ainda que singularmente poética, do seu compagnon de route Jean Ollivier, falecido poucos meses depois, em 30 de Dezembro de 2005.
Os treze primeiros episódios de Ayak foram publicados no Mundo de Aventuras, por ordem cronológica, mas a preto e branco, como homenagem à obra de E.T. Coelho desconhecida da grande maioria dos leitores portugueses — sobretudo a que foi editada no mercado francófono — e que aquela revista juvenil, nos anos 80, procurou parcialmente divulgar.