NOTAS DE 30 ANOS DE BANDA DESENHADA – 5

roussado-pinto-foto-aDurante vários números, a partir da nova fase iniciada no nº 110, de 10/9/1975, o Jornal do Cuto publicou uma interessante rubrica, onde Roussado Pinto desfiava as suas memórias de mais de 30 anos de carreira profissional, ligada ao jornalismo e, em particular, às revistas infanto-juvenis, como O Pluto, O Mosquito, O Papagaio, O Mundo de Aventuras, o Titã, o Valente, o Flecha, títulos na sua maioria já desaparecidos quando criou a sua primeira editora, a Portugal Press, conseguindo finalmente materializar um dos seus maiores sonhos, ao lançar uma nova revista com “alicerces” para ser mais sólida e duradoura do que as anteriores em que esteve financeiramente envolvido.

Jornal do Cuto 126O Jornal do Cuto teve, na realidade, uma existência bastante mais assinalável do que muitos dos seus congéneres, embora não tivesse conseguido resistir, durante a crise de 1975/78, aos problemas de distribuição e à desmedida concorrência por parte de outros pequenos editores e do maior gigante do sector, a veterana e indestrutível (naquela época) Agência Portu- guesa de Revistas, que dominava o mercado, fazendo “tábua rasa” dos seus concorrentes, porque tinha oficinas e distribuição próprias, além de dezenas de empregados ao serviço de uma (ainda) sólida estrutura comercial.

Suspenso por duas vezes, o Jornal do Cuto só não ressuscitou à terceira — quando a Portugal Press saiu da situação de pré-falência, graças ao sucesso retumbante do Jornal do Incrível (outro projecto arquitectado a pulso por Roussado Pinto, que frutificou num meio onde não tinha concorrência) —, porque a fatalidade, de braço dado com a doença, veio, de repente, cobrar o seu tributo ao dinâmico e incansável editor/jornalista/repórter/escritor/argumentista de BD, que já resistira a dois enfartes.

Recordamos, a propósito, a notícia (com algumas “gralhas” que saltam à vista) publicada no diário A Capital, de 4/3/1985, no dia seguinte ao da sua morte.

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Nas suas “Notas de 30 Anos de Banda Desenhada”, Roussado Pinto deixou-nos um testemunho vivo e pitoresco da sua profunda ligação ao jornalismo juvenil e às histórias aos quadradinhos, de que foi, também, um dos maiores e mais entusiásticos divulgadores, mormente quando passou, embora fugazmente, pela redacção d’O Mosquito, onde teve o privilégio de conviver com António Cardoso Lopes (Tiotónio), Raul Correia, E.T. Coelho, José Padinha, José Ruy, Jayme Cortez e muitos outros.

O artigo que hoje apresentamos foi reproduzido do Jornal do Cuto nº 117, de 29/10/1975.

Notas 30 anos de BD - 5

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